Como as restrições viabilizam e melhoram o trabalho de comunicação.
O primeiro passo em um trabalho de branding ou comunicação de marca – ao contrário do que muitos pensam – não é definir o problema e encontrar uma solução.
Grande parte dos esforços da etapa inicial são dedicados a re-enquadrar o problema.
E é a partir dessa nova forma de olhar que vem um dos ingredientes mais importantes para o desenvolvimento do trabalho (ou, em outras palavras: o elemento que faz as coisas andarem): estabelecer restrições e limitações criativas.
A formulação de um caminho mais limitado para se abordar um problema de comunicação têm quatro funções principais:
- Criar um cenário para alinhar as expectativas que acompanham as diferentes visões e a subjetividade, tão presentes em demandas de comunicação.
- Inspirar a criação de soluções com maior potencial de serem compreendidas e valorizadas por todos os envolvidos. Do contrário, com possibilidades infinitas, ninguém sabe julgar o que é bom e quando já está bom.
- Elevar a eficácia da comunicação. Porque muitas vezes esquecemos que não basta expor a mensagem positiva sobre nossas empresas, marcas e produtos para produzir grandes efeitos no interlocutor. Alcançar as pessoas e fazê-las notar, se interessar e acreditar no que estamos falando não é tarefa fácil. Mais difícil ainda, é criar uma imagem positiva, memória duradoura e estimular ações e comportamentos.
- Elevar a qualidade criativa. Esta é a função que fecha o ciclo virtuoso e afeta positivamente todas as anteriores.
A última função é a mais contra intuitiva. Afinal, como seria possível criar melhor com menos liberdade?
Em uma aula no TED, Brandon Rodriguez explica como as restrições criativas na verdade ajudam a impulsionar a descoberta e a inovação:
E aqui podemos ver um exemplo magistral de “creative constraint” que produziu um desenho animado que marcou gerações. As regras do criador Chuck Jones para o Papa-léguas x Coiote:
1. O Papa – léguas não pode ferir o Coiote, exceto fazendo ‘Beep-Beep!
2. Nenhuma força externa pode prejudicar o Coiote – apenas sua própria inaptidão ou a falha dos produtos Acme.
3. O Coiote poderia parar a qualquer momento — se não fosse um fanático. (Repita: ‘Um fanático é aquele que redobra seu esforço quando esqueceu seu objetivo.’ – George Santayana).
4. Nenhum diálogo, exceto ‘Beep-Beep!’
5. O Papa-léguas (Road Runner, em inglês Corredor da Estrada) deve permanecer na estrada — caso contrário, logicamente, não seria chamado de Corredor da Estrada.
6. Toda ação deve ser confinada ao ambiente natural dos dois personagens — o deserto do sudoeste americano.
7. Todos os materiais, ferramentas, armas ou conveniências mecânicas devem ser obtidos da Acme Corporation.
8. Sempre que possível, faça da gravidade o maior inimigo do Coiote.
9. O Coiote é sempre mais humilhado do que machucado por seus fracassos.